Ela é a atual Bicampeã Brasileira de Ski Alpino nas disciplinas Slalom e Slalom Gigante. Com uma personalidade forte e determinada, Chiara Marano, que mora na Itália, conquistou nesta quarta-feira (22) mais uma medalha no Valle Nevado (Chile). Em um esporte dominado por russas e alemãs, Chiara está sempre tentando superar seus limites. Conheça um pouco mais desta atleta que carrega as cores da seleção brasileira de desporto na neve.
JC – Em 2006 você foi Destaque do Ano e, em 2007, ganhou o prêmio de Atleta do Ano. Atualmente, é bicampeã de Ski Alpino nas disciplinas Slalom e Slalom Gigante. O que isso representou na sua vida?
CM – Todos esses “prêmios” sempre foram incentivos para continuar treinando cada vez mais e conseguir resultados sempre melhores.
JC – Você também coleciona diversas medalhas na categoria e em várias outras disciplinas. A que ou a quem você atribui o sucesso das suas vitórias?
CM – O sucesso eu atribuo a mim e aos meus treinadores pela preparação, e à minha família pelo apoio!
JC – Sua mãe é brasileira, mas seu pai é italiano. Embora você tenha nascido em Milão, é naturalizada brasileira? Por que optou pela madre pátria?
(Caso considere prejudicial, podemos excluir a pergunta.)
CM – Optei pela pátria brasileira porque desde pequena venho todos os anos para o Brasil. Gosto muito de ficar aqui. Mesmo morando na Itália, competindo pelo Brasil tenho uma maneira de estar sempre perto da “madre pátria”.
JC – Como você analisa o incentivo ao esporte na Itália? Assim como no Brasil, o futebol movimenta muito do interesse nacional. Mas existem programas de base e infraestrutura suficientes para os esportes de inverno?
CM – Mesmo sendo o futebol o esporte nacional, o governo incentiva bastante todos os esportes, incluindo os esportes de neve. Por isso o nível da equipe italiana de esqui está entre os melhores do mundo.
JC – Além do esqui, você pratica outros esportes?
CM – Eu pratico windsurf, surf, mountain bike e, obviamente, academia para o treino físico.
JC – Você conta com um preparador físico e uma equipe de treinamento?
CM – Eu não treino com a equipe brasileira porque gosto de treinar em Tarvisio (cidade de origem do meu pai, no norte da Itália), onde tenho parte da minha família e amigos de infância. Tenho um treinador técnico lá, e em Milão, onde moro, tenho um preparador físico.
JC – Você recebe patrocínio ou bolsa do governo para custear as despesas do esporte?
CM – Vou começar a receber a bolsa atleta nacional do governo este ano.
JC – Segue orientações de um nutricionista? Como é sua dieta?
CM – Tenho um plano alimentar elaborado por um nutricionista. As principais regras são comer sempre um pouco de cada categoria alimentar e fazer de 6 a 7 refeições por dia, contando café da manhã, almoço e jantar.
JC – Você tem preferência por massas, queijos e vinhos? Qual é a sua refeição predileta?
CM – Minha refeição preferida é uma pasta italiana com molho de tomate feito em casa.
JC – Como é sua rotina de treinamento? Treina todos os dias?
CM – Treino todos os dias. Se estou na neve, treino de manhã até a hora do almoço e, à tarde, faço uma hora de ginástica. Se estiver em casa, treino duas horas na academia.
JC – Você exerce outra atividade profissional fora do esporte?
CM – Estudo Direito na faculdade de Milão.
JC – O que gosta de fazer no seu tempo livre? É mais caseira ou gosta de sair?
CM – Gosto de praticar outros esportes, passar tempo com amigos e sair. Mas, como fico bastante fora de casa, também gosto de ficar em casa ajudando e curtindo minha família.
JC – As Olimpíadas estão chegando, a concentração aumenta. Ainda consegue tempo para namorar?
CM – A concentração aumenta, mas consigo namorar um menino de Milão, que também estuda e me dá muito apoio no esporte.
JC – Você já atingiu índices suficientes para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014. Onde será sua preparação? Pretende treinar em Sochi?
CM – Minha preparação será nos mesmos lugares em que eu treinava antes e com a mesma estrutura. Com certeza será ainda mais intensa.
JC – Você fará as provas de Ski Alpino? Quais foram os critérios mais importantes que a CBDN estabeleceu para a classificação?
CM – A CBDN estabeleceu contar os cinco melhores resultados do ano passado até 31 de dezembro em duas disciplinas: Slalom Especial e Slalom Gigante.
JC – Qualquer pessoa pode praticar Ski Alpino sem grandes restrições?
CM – Para começar, qualquer pessoa pode. Para virar atleta, precisa estar fisicamente bem e forte e não ter medo de velocidade.
JC – O que você diria aos atletas brasileiros que sonham praticar esqui, mas vivem em um país tropical?
CM – Sugiro experimentar o esporte no Chile ou na Argentina, que ficam perto do Brasil. E, se quiserem começar a competir, podem conversar com a CBDN, que organiza campos de treino na Europa.

